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Gestão de riscos aduaneiros e inteligência artificial: o futuro da fiscalização no comércio exterior

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    Editor
  • há 4 dias
  • 4 min de leitura
Imagem criada com inteligência artificial
Feito com IA

O comércio exterior brasileiro está atravessando uma de suas maiores transformações estruturais das últimas décadas. A implantação do Portal Único de Comércio Exterior e do Novo Processo de Importação (NPI) tem como objetivo central modernizar e simplificar as operações de importação no país. Essa revolução digital inclui ações como a digitalização de processos, a integração de órgãos anuentes e o desligamento progressivo das antigas declarações de LI/DI, previsto para se consolidar até março de 2026.


Essas mudanças representam mais do que uma atualização tecnológica. Elas exigem uma nova mentalidade operacional, onde a gestão de risco aduaneiro passa a ser um eixo fundamental para garantir conformidade, agilidade e segurança. Ao mesmo tempo, a inteligência artificial (IA), os sistemas de rastreabilidade e as ferramentas de análise preditiva estão redesenhando a forma como cargas, documentos e operações são fiscalizadas no Brasil.


Neste novo cenário, empresas que importam ou exportam regularmente precisam estar preparadas para antecipar riscos, entender os movimentos regulatórios e agir com precisão. Neste artigo, vamos explorar como a tecnologia está reformulando a fiscalização aduaneira e como o setor privado deve se posicionar frente a essa nova realidade.



Por que a gestão de risco aduaneiro é tema central no comércio internacional?


A Organização Mundial das Aduanas (OMA), por meio do SAFE Framework of Standards, estabeleceu em 2025 uma diretriz global clara: modernizar os sistemas aduaneiros integrando segurança, facilitação e tecnologia. Essa abordagem visa minimizar riscos como:


  • Fraudes tributárias

  • Ocultação de remetentes ou destinatários

  • Subfaturamento e má classificação fiscal

  • Tráfico de mercadorias e ilícitos


O foco não é apenas repressivo. A proposta é classificar as operações por nível de risco e agir com inteligência. Cargas de baixo risco passam com maior fluidez, enquanto operações sensíveis recebem atenção especial. Isso exige que empresas estejam preparadas tecnicamente e documentalmente para operar com previsibilidade e conformidade.



Como a inteligência artificial está revolucionando a fiscalização aduaneira?


A nova fronteira da aduana é digital. E isso já é realidade.

A Receita Federal e órgãos anuentes como ANVISA, MAPA, INMETRO, IBAMA, etc., vêm incorporando ferramentas de IA, machine learning e big data para:


  • Identificar padrões irregulares

  • Cruzar dados de diversas bases nacionais e internacionais

  • Classificar cargas em tempo real

  • Detectar simulações ou inconsistências documentais


A análise preditiva permite antecipar comportamentos suspeitos com base em históricos, padrões de rotas, tipos de produto, origem e destino, entre outros indicadores.



O papel do importador e da indústria nesse novo cenário


Se a aduana se torna mais inteligente, o setor privado precisa acompanhar esse movimento. A SPSComex observa que muitos problemas aduaneiros não surgem da má-fé, mas da desinformação ou da falta de controle interno. Empresas que não mantêm rastreabilidade documental, que não revisam classificações fiscais, ou que não se atualizam sobre normas e exigências, acabam se expondo a riscos evitáveis.


É fundamental que importadores e exportadores:


  • Adotem programas internos de compliance e governança aduaneira

  • Trabalhem com documentação clara e padronizada

  • Mantenham controle e histórico de alterações, versões e registros

  • Invistam em consultorias técnicas que auxiliem na prevenção de erros


A rastreabilidade, tão necessária em setores como alimentos e medicamentos, precisa se tornar uma realidade também nas práticas de comércio exterior como um todo.



O caso do navio Madelyn Grace e o impacto da tecnologia na prevenção de fraudes


Em outubro de 2025, um caso emblemático ganhou repercussão nacional, em ação conjunta da Polícia Federal e Receita Federal: o navio Madelyn Grace, que declarou transportar nafta petroquímica, na verdade carregava óleo condensado e gasolina de reforma, produtos com carga tributária significativamente mais elevada.


O que chamou a atenção da Receita Federal?


  • Um sensor de calado no porto de Maceió detectou que o navio entrou e saiu com o mesmo peso, apesar de supostamente ter descarregado a carga;

  • A nota fiscal eletrônica registrada para essa carga foi reutilizada posteriormente no Rio de Janeiro, para tentar simular o mesmo descarregamento.


A fraude foi descoberta graças à integração de dados portuários, fiscais e logísticos, revelando um esquema que poderia gerar um prejuízo de até R$ 80 milhões aos cofres públicos.


Esse é um exemplo claro de como a tecnologia, quando bem aplicada, é capaz de cruzar evidências em tempo real e impedir irregularidades antes que causem danos maiores.



Gestão de risco como pilar estratégico e diferencial competitivo


A gestão de risco aduaneiro não deve ser uma preocupação apenas do Estado: ela é agora uma responsabilidade compartilhada entre governo, empresas e operadores logísticos. A era da inteligência artificial trouxe velocidade e precisão à fiscalização, mas também exige profissionalismo e preparo técnico do setor privado.


Empresas que desejam operar com segurança, fluidez e previsibilidade precisam antecipar riscos e contar com parceiros estratégicos.


A SPSComex está ao lado dos importadores e exportadores, oferecendo uma consultoria técnica robusta, atualizada e personalizada, capaz de orientar, proteger e impulsionar operações de comércio exterior com conformidade, inteligência e tranquilidade.


Se você achou este conteúdo útil, compartilhe com sua equipe ou colegas do setor. Promover a informação correta é também uma forma de mitigar riscos e elevar o padrão das operações no comércio exterior brasileiro.


Vamos juntos disseminar conhecimento e boas práticas.

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